O interessante Capítulo 6 do Diretório da Pastoral Familiar aponta o Matrimônio e a Família como caminho de santidade. A exiguidade do espaço não me permite trazer toda a riqueza ali contida. Destacarei apenas as ideias principais. Recomendo, pois, a quem tiver acesso, ler o texto completo. Posso garantir que será gratificante.
Valor santificador do matrimônio
Pelo batismo, todos os cristãos são chamados à santidade. Cônjuges e pais cristãos devem viver concretamente esta vocação universal à santidade nas realidades próprias da existência conjugal e familiar. “O sacramento do matrimônio, que retoma e especifica a graça santificante do batismo, é a fonte própria e o meio original de santificação para os cônjuges”, lembra João Paulo II, na Familiaris Consortio (56).
Marido e esposa tornam-se, no dizer do apóstolo Paulo (Ef 5,32), “o grande sacramento” da união e do amor fecundo entre Cristo e a sua Igreja. “O dom de Jesus Cristo não se esgota na celebração do matrimônio, mas acompanha os cônjuges ao longo de toda a sua existência.” (Idem.)
O casal cristão é chamado a alcançar a santidade por uma espiritualidade inserida nas realidades concretas de sua vida conjugal: amor humano (afetividade e sexualidade), geração e educação dos filhos, oração, vida sacramental e inserção na comunidade eclesial.
Fugir da família é fugir de Deus
O Diretório alerta para uma realidade um tanto comum em certas paróquias e comunidades: alguns casais pensam que são tanto “mais católicos” quanto mais se engajam nas pastorais e demais serviços da paróquia e da Igreja, mas descuidando de alguns de seus deveres familiares.
Essa maneira de pensar sua vocação de casados, às vezes, representa uma grave tentação que os leva a fugir dos deveres e obrigações próprios do lar. Para um casal que se recebeu em matrimônio, fugir da família e dos deveres inerentes a ela seria como fugir de Deus.
Crescer no amor conjugal
O amor conjugal sadio e nobre precisa crescer no mesmo ritmo que o amor a Deus. Para crescer, o amor tem que se renovar. O Diretório cita Santo Agostinho para quem o amor não pode parar: se não se renova o combustível, o fogo do amor se apaga. O crescimento do amor conjugal tem de acompanhar o crescimento da vida interior e vice-versa. Aumentar o amor mútuo é o mesmo que dilatar o amor de Deus. O amor conjugal tem que ser profundo e progressivo, como o amor a Deus.
Aqueles que foram chamados por Deus para formar um lar devem amar-se sempre, com aquele amor entusiasmado que tinham quando eram namorados ou noivos. O matrimônio, que é sacramento e vocação, não pode se abalar quando chegam as dores e os contratempos que a vida sempre traz consigo. Aí é que o amor aprende a tornar-se mais firme.
Mais ainda: a chave da felicidade pede a luta para vencer o egoísmo, a saída do comodismo pessoal, para cooperar, com toda a capacidade, na manutenção do lar e na educação dos filhos. Não haverá uma autêntica felicidade e santidade, se não houver esse esforço pessoal para superar o egoísmo.
O fruto mais substancial desse amadurecimento espiritual dos pais e a lição pedagógica mais importante que devem dar aos filhos é a de sua união sólida e inquestionável. O primeiro dever-compromisso dos pais para com os filhos é o de se amarem um ao outro. E não há presente maior para um filho, não há nada que lhe dê tanta segurança e equilíbrio emocional do que perceber que os pais são apaixonados um pelo outro, que se amam de verdade.
A oração conjugal e familiar
Embora cada membro da família deva ter a sua vida interior, deve existir também a vida de piedade própria da família como tal, que represente verdadeiramente a “alma” do lar.
Os pais têm a missão de educar os filhos para a oração, de ajudá-los a descobrir progressivamente o mistério de Deus e a se relacionar com ele. Elemento fundamental e insubstituível da educação para a oração é o exemplo concreto, o testemunho de oração dos pais. Somente rezando com os filhos, pai e mãe entram na profundidade do coração deles, deixando marcas que os acontecimentos futuros não conseguirão apagar. “A oração reforça a estabilidade e a solidez da família, fazendo com que ela participe da ‘fortaleza de Deus’”. (J. Paulo II, Carta às Famílias, 4.)
O capítulo 6 dá especial destaque à escuta da Palavra de Deus em família e ao dever catequético dos pais.
Família e Eucaristia
Se toda a vida sacramental é indispensável para a santificação da família, “o centro e a raiz” da família, porém, é a Eucaristia. Ela é a fonte própria do matrimônio cristão. A esta altura, o Diretório cita um texto precioso de João Paulo II: “O sacrifício eucarístico, de fato, apresenta a aliança de amor de Cristo com a Igreja. Neste sacrifício da Nova e Eterna Aliança é que os cônjuges cristãos encontram a raiz da qual brota e é interiormente plasmada e continuamente vivificada a sua aliança conjugal. Como representação do sacrifício de amor de Cristo pela Igreja, a Eucaristia é fonte de caridade. E no dom eucarístico de caridade, a família cristã encontra o fundamento e a alma da sua ‘comunhão’ e da sua ‘missão’: o Pão eucarístico faz dos diversos membros da comunidade familiar um único corpo, revelação e participação na mais ampla unidade da Igreja; a participação, pois, no Corpo dado e no Sangue derramado de Cristo torna-se fonte inesgotável do dinamismo missionário e apostólico da família cristã”. (FC 57.)
O Domingo, dia do Senhor, é o momento central da semana da família cristã. É belo ver uma família inteira, pais e filhos, participando unidos da Santa Missa. “A participação na Eucaristia seja verdadeiramente para cada batizado, o coração do domingo: um compromisso irrenunciável, assumido não só para obedecer a um preceito, mas como necessidade para uma vida cristã verdadeiramente consciente e coerente”. (J. Paulo II, NMI, 36.)
Fonte: O Lutador
Local:Belo Horizonte (MG)
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