Aceitamos plenamente que a realidade em nosso tempo é o uso cada vez mais frequente, e nas mais diferentes culturas, das tecnologias como forma de comunicação, informação, formação e entretenimento; embora seja um grande desafio gerenciar a quantidade do tempo que passamos diariamente frente a estas máquinas. Muito do nosso trabalho está ligado a equipamentos e softwares que facilitam nossa vida, mas diminuem o contato e o relacionamento humano.
Quando falamos em crianças em plena fase de desenvolvimento, podemos pensar no seguinte: quanto tempo elas ficam on-line, jogando? Qual a frequência de tempo frente ao computador? Já parou para analisar estas questões de família? O tempo é apenas uma forma de “medir” se estamos ou não dependentes, mas há outros fatores a serem considerados.
Há alguns indicadores para saber o quanto uma criança (e até mesmo um jovem) está com dificuldade de trocar o computador [por outra atividade] ou até mesmo tem um comportamento de dependência [ao equipamento], são:
- Quando o jogo ou o uso de mídias sociais como MSN, Orkut etc., torna-se a atividade mais importante da vida da criança, dominando seus pensamentos e comportamentos.
- Modificação de humor/euforia: experiência subjetiva de prazer, euforia ou mesmo alívio da ansiedade quando está no ato de jogar.
- Necessidade de usar o computador por períodos cada vez maiores para atingir a mesma modificação de humor, ou seja, para “sentir-se bem”.
- Fase de Abstinência: estados emocionais e físicos desconfortáveis quando ocorre descontinuação ou redução súbita do uso do computador (intencional ou forçada).
- Vivência de conflitos: pode ser entre aquele que usa o computador excessivamente e as pessoas próximas (conflito interpessoal), conflito com outras atividades (trabalho, escola, vida social, prática de esportes etc.) ou mesmo do indivíduo com ele mesmo, relacionado ao fato de estar jogando excessivamente (conflito intrapsíquico).
Não podemos negar as maravilhas oferecidas pela tecnologia, a facilidade de acesso, a disponibilidade de informações e a realidade que se encontra com este tipo de acesso e relacionamento, porém, cada vez mais frequente se torna a realidade das famílias dividas pela individualidade gerada no uso de tecnologia. Enquanto um fala ao telefone no quarto fechado, o outro está ligado no computador horas sem falar com ninguém, e a outra prende-se à TV, sem parar.
Quantas vezes as crianças, além do uso em casa, deixam de comprar lanche para jogar nas lan houses? São capazes de passar dias inteiros, finais de semana longe do relacionamento interpessoal. O uso do computador e seus jogos, que era reservado apenas como lazer, torna-se praticamente a atividade principal delas. O sono é prejudicado, a alimentação também, pois as crianças comem em frente ao computador sem ao menos saber quanto e o que, gerando obesidade. O isolamento continua e a irritação, por não usar o computador ou imaginar que vão ficar sem ele, se torna imensa, com um grande desconforto emocional.
Como família, é muito importante que possamos voltar nossa atenção para este assunto para que possamos desenvolver crianças e jovens com uma vida mais saudável, favorecendo as relações humanas mais sadias.
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